O que fazer quando já não há nada a salvar? Para minha grande surpresa uma das minhas melhores amigas ao longo de quase 6 anos mostrou-se uma pessoa muito diferente do que eu sempre pensei que ela fosse.
Tudo começou com o final do namoro dela, fui o seu apoio, a sua companheira, a que ficava com ela ao telefone até às 3h da manha se fosse preciso, a que a ouviu chorar, a que lhe secou as lágrimas, a que a obrigou a comer, a que trabalhou a dobrar porque ela estava em baixo…
Ela tentou de tudo para ter o namorado de volta, ligou-lhe inúmeras vezes a implorar que voltasse, sentiu-se mal e disse-lhe… eu não concordava muito, mas quem sou eu para julgar as suas atitudes? A minha obrigação como amiga era estar lá para ela sempre que ela precisasse sempre sem julgar.
No entanto sempre achei que faz parte de ser amiga o dizer a verdade, não me parecia correcto alimentar a esperança de que ele ia voltar quando praticamente tinha a certeza que ele não voltaria. Disse sempre o que pensava com todo o cuidado para não magoar, e penso mesmo que fiz mais por ela do que a maioria das pessoas faria, inclusive deixei de estar com o meu namorado para estar com ela quase 24h por dia.
Um dia apanhei-a numa mentira, uma mentira sem importância penso eu hoje que o tempo já passou, mas uma mentira. Lembro-me como se fosse hoje a facada no peito que senti naquele momento. O telefone tocou e ela atendeu, apercebi-me que ela não queria que eu ouvisse e dei-lhe privacidade, ela voltou para dentro e disse, “era a minha mãe”, se eu sabia já nesse instante que ela me estava a mentir? Sabia, mas era uma coisa tão sem importância que deixei passar. Passado uns dois minutos tinha ela ido à casa de banho o telemóvel tocou novamente vi que era a mãe dela e chamei-a. Ela muito atrapalhada atendeu e disse, “Então esqueceste de alguma coisa?” Ouvi claramente a mãe responder do outro lado “Eu ainda não te liguei hoje”, ela saiu para a varanda do quarto e ouvi-a dizer “Foi o Z. que me ligou e eu não queria que a S. soubesse”.
Pensei muito em não dizer nada, mas apenas queria que ela soubesse que não tinha que me contar tudo mas não precisava mentir, bastava dizer que não queria falar sobre isso. Quando ela entrou perguntei-lhe “Quem te ligou há bocado?” ela respondeu “Foi a minha mãe!” eu voltei a perguntar “Não precisamos falar sobre isso mas não me estejas a mentir, quem te ligou há bocado?” ela voltou a mentir e caiu no erro de me dizer, “Juro que foi a minha mãe”. Senti as lágrimas nos olhos, lágrimas de desapontamento e tantas outras coisas, a mentira sem importância tinha-se transformado em algo mais… como é que alguém pode mentir assim?
Ela chorou, eu chorei, e perdoei, não esqueci e talvez tenha sido esse o problema, cada vez que ela me dizia algo eu ficava na dúvida, no entanto coloquei uma pedra sobre o assunto, mas em apenas uns dias ela fez coisas horríveis, mentiu mais e mais e foi apanhada milhares de vezes, começou a ter comportamentos estranhos de se atirar a todos os nossos colegas, começou-me a cobrar o tempo que eu voltara a passar com o meu namorado… podia estar aqui eternamente a falar sobre tudo o que aconteceu mas não ia mudar nada.
Quanto mais coisas iam acontecendo, coisas em público, mais as pessoas me diziam “S. ela não presta, nunca prestou, não sei como ainda consegues ser amiga dela”, mas eu não queria acreditar, demorei demasiado tempo a ver o que todos os outros viam.
A verdade é que isto se passou há quase um ano e por muitas tentativas que tenha feito para salvar a amizade, chegou ao ponto em que já não há nada para salvar. Já chorei muito, fiquei zangada, revoltada… agora? Agora, sinto apenas uma tristeza enorme por já não haver nada a fazer, agora não sou capaz de perdoar tudo o que se passou.
XOXO S.