quarta-feira, 16 de março de 2011

As incoerências do meu país…

Este não é nem nunca vai ser um blogue cheio de post inteligentes e culturais, não é esse o seu objectivo, raramente falo de politica aqui mas hoje vou abrir uma excepção porque há algo que me tem atormentado estes últimos dias.

Estamos na época dos queixumes, na verdade penso mesmo que somos um povo com uma capacidade para se queixar acima da média, todos os dias ouço alguém dizer que “Isto está muito mau!”, “O país nunca esteve tão mau!”, “A culpa disto tudo é do governo!”… e sim isto já teve melhores dias mas também já teve pior, não acreditam? Então podem perguntar a pessoas da idade da minha avó que criou 7 filhos em uma casa com 2 quartos e que uma sardinha tinha de alimentar pelo menos 3 bocas ao jantar, claro que não estou a dizer que como já estivemos pior não importa que agora estejamos mal porque claro que importa.


Quanto à culpa disto tudo ser do governo (e por governo entenda-se Sócrates) bem… ele tem alguma, talvez muita, como praticamente todos os políticos que passaram pelo governo nos últimos 20 anos mas, não é culpado sozinho. O povo também tem culpa (pronto chovam lá agora os comentários anónimos e os calhaus aqui no meu estamine), os portugueses não têm orgulho do que é seu, não dão valor ao seu comércio nem aos seus produtos, não importa que a fruta portuguesa seja melhor eu vou comprar a espanhola porque é mais bonita à vista, não importa que haja uma peixaria/supermercado/cabeleireiro/papelaria… na minha rua eu vou comprar tudo o que preciso fora da minha zona de residência e depois queixar-me que não entendo porque não tenho uma peixaria/supermercado/cabeleireiro/papelaria junto de casa porque fechou.

Nunca demos valor aos nossos produtos, ao nosso comércio e isso faz com que as lojas fechem, as fábricas despeçam empregados e por aí adiante, os nossos produtores estão a despejar o leite na sarjeta porque não conseguem vender o que produzem mas, dá-lo a quem tem fome? Claro que não, que horror S. que pensamento mais idiota! Então se eu não faço dinheiro com isto antes quero que vá para o lixo do que dá-lo a alguém que precise dele. Os grandes agricultores estão com dificuldades porque o governo não dá dinheiro, a mim ocorre-me perguntar o que fizeram com o dinheiro que veio da Europa há uns anos mas, eu sei a resposta, enquanto os nossos vizinhos espanhóis investiam na modernização nós comprávamos jipes topo de gama e construíamos grandes casas.

Podia estar aqui até amanha a dizer um monte de coisas que foram e são culpa do povo mas como é óbvio isso não significa que muitas das queixas não sejam válidas porque são, há muito chupista no governo, à muita coisa que está podre por aqueles lados mas, há igualmente muita coisa que está mal deste lado da barricada.

XOXO S.

P.S. Peço desculpa pelo post mas ele foi motivado por todas as coisas que tenho ouvido nestes últimos dias em que as pessoas se ilibam de qualquer culpa na situação actual do país, a culpa de tudo é da crise, crise essa que fez com que Portugal fosse um dos países que mais carros vendeu em 2010, que fez com que Portugal fosse um dos países com mais empréstimos ao banco para ir de férias, meus amigos não há dinheiro para comer mas vão pedir empréstimos para ir de férias?!

Este post foi ainda motivado pela conversa de uma senhora que dizia que não importa quem pegue no governo porque nada é pior que o Sócrates por isso mesmo sendo PCP ia votar PSD, depois quando eu lhe perguntei se sabia o que o Passos Coelho defendia engasgou-se toda e repetiu 34x que nada era pior que o Sócrates e que só isso importava, não estou no entanto a criticar quem vota A/B/C ou D estou apenas a dizer que quando vamos votar o mínimo é saber o que a pessoa em quem votamos defende, porque imaginemos que essa pessoa quer privatizar a saúde e o ensino e nós não concordamos com isso, é ou não um bocado idiota votar sem saber?

XOXO S.

11 comentários:

  1. Tens razão em muitas coisa...quando falaste dos subsídios que recebemos há muitos anos para produzir e investir na agricultura e muita gente gastou em jipes topo de gama, sei de tantos casos...enfim, o facto é que há muita gente sem dinheiro para comida, sem emprego, mas a verdade é que há outros tantos que não se privam de nada, e mesmo assim abrem a boca para se queixar...bj!

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  2. é idiota votar sem saber e é idiota a mentalidade do povo português que ainda não percebeu que apesar das mudanças deverem ser incentivadas pelos poderes de cima estas começam é por quem está em baixo.

    parte do problema é que dos há tais 20 anos para cá, foi-se instalando a ideia em Portugal de que todos podíamos viver acima das nossas possibilidades, de que o país era próspero, não havia dívidas, a economia estava estável e portanto podiam-se fazer as compras que se quisesse, viajar, permitir a construçao de grandes superficies comerciais em locais que não têm como os sustentar etc. lentamente foi morrendo o comercio local, lentamente foi morrendo o cultivo da terra e do mar, e de repente estamos a braços com dividas enormes e com politicas de austeridade e o povo revolta-se porque de repente depois de décadas a dizerem-lhes que se podia viver bem do dinheiro que não se tinha estão a cortar e a tomar medidas que bem, podemos concordar, grande parte escabrosas especialmente quando se sente que o esforço na austeridade não é partilhado por todos, mas colocado às costas de quem já não tem muito.


    não entremos também nesse jogo de voltar as mesas, dos politicos não terem culpa porque foram eleitos por ignorantes, e o povo é que mereceu e nao se deve queixar porque fez uma vida de luxo nos ultimos anos que nao podia fazer. independentemente de quem elege quem, a classe politica tem o dever de zelar pelo bem do país. não dos seus bolsos. os politicos não são melhores do que o resto do país, e eles que apontam o dedo ao povo também têm de apontar o dedo a eles próprios, porque não é só o zé povinho que vive acima das possibilidades. é aliás os tais ditos Srs que acumulam cargos, e bens, e bónus e subornos que parece que ainda nao abriram os olhos para o país que estiverem nestas ultimas decadas a cimentar.

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  3. sigo a mesma corrente de pensamento que tu.

    outro exemplo...basta ir aos parque de estacionamento das faculdades e é ver todos (quase) os estudantes com o seu carrinho, e não é chaços não.

    o exemplo tem de vir de nós...nós temos e devemos mudar.
    mas não...estamos sempre a espera k os outros resolvam os nossos problemas.

    e acredita PPC não é, e nunca será uma boa alternativa...

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  4. S.
    Subscrevo e assino por baixo! Concordo em pleno com o que escreveste e é pena que mais pessoas não se lembrem dos anos que se seguiram à nossa entrada para a "velha CEE": a entrada de milhões diariamente serviu quase que exclusivamente para alimentar os mamões que ainda hoje estão nos poleiros do Governo e de grandes empresas e para muito betão; serviu tb para os amiguinhos construirem grandes casas, comprarem grandes maquinões e para investirem em negócios fictícios que, sem nunca terem existido, entraram em falência!
    E, para terminar, que isto já vai longo, as pessoas esqucem-se que, quem nos (des)governava nessa altura era o Sr. Dr. Cavaco Silva. É pena não se investigar o quanto ganharam e onde ainda "mamam" os cavaquistas desse tempo...com toda a certeza descobririamos os milhões que tanta falta nos fzem nestes tempos conturbados!
    Tenho dito!

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  5. Da minha parte não chovem pedras... Subscrevo inteiramente o que escreveste. Enquanto não se mudarem uma série de mentalidades não vamos conseguir sair do buraco onde nos enfiámos!

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  6. concordo e também tenho uma opinião muito própria que me valeu umas pedras. não foram,ainda, calhaus, mas umas pedritas!

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  7. Disseste tudo, concordo plenamente com o teu ponto de vista que, sejamos sinceros, é o mais realista. Só não vê quem não quer ver. Aliás, aí está mais um hábito dos portugueses de andar no jogo do empurra no que concerne a responsabilidades. Se a política tem muita culpa, o povo e as gentes que fazem o país tb têm a sua quota parte nas dificuldades e realidade que hj enfrentamos. Enfim!
    Concordo plenamente com o 2º parágrafo. A minha avó (e atenção que eu não sou assim tão velha) tb teve de alimentar 10bocas, muitas vezes sem peixe ou carne, apenas batatas e legumes (cultivados em "casa") numa casa que mais do que 3 quartos não tinha e eram das famílias que melhor viviam (e que mais tinham) na zona!!! Mas nunca soube das férias que o meu avô quis tirar todos os anos e nos carros que teve (nunca teve nenhum)... enfim. As pessoas habituaram-se mt mal. "Isto está mt mau" e "não há dinheiro" mas vai-se ao cabeleireiro, no mínimo, uma vez por mês, tem-se tv cabo ou sei lá o que mais com milhentos canais e vai-se à manicure uma vez por semana, jantamos fora ou todos os dias vamos para "cafés" com amigos, etc. E por aqui fico já mt me estendi. Não quero dizer que se deve viver como antes ou privarmo-nos de "pequenos luxos" e "escapes", "miminhos"...apenas que TEMOS de começar a pensar em viver DE ACORDO COM O DINHEIRO QUE TEMOS NO BOLSO e não estar sempre a pensar já no dinheiro que vem aí no próximo mês ou que, se algo correr mal, recorremos aos bancos! É normal e não condeno que o façamos (eles existem para alguma coisa) mas a mentalidade não pode ser esta que há entre nós de se gastar o que temos e, principalmente, o que NÃO TEMOS...
    Beijo*

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  8. Concordo plenamente! Quantas pessoas não estariam no sabado na manifestação a gritar que estava tudo mal e depois de iPhone no bolso!!!

    http://passion4shoes.blogspot.com/

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  9. Concordo plenamente. a culpa não é só deste governo. Há pessoas que da maneira q falam até parece q o Socrates é culpado pela crise que existe a nível mundial!!

    É deixá-los falar e seguir em frente. Se não fizermos nada para mudar, as coisas não mudam sozinhas.

    Eu ja desisti de tentar falar com os meus colegas sobre o assunto (apesar de me dar gozo a maneira cm se engasgam qd eu começo a puxar por eles).

    Ha coisas que tb me chateiam (especialmente ao nível da minha área), mas não podem dizer que isto está o pior de sempre, que no tempo do Salazar é que era... no tempo da ditadura os desempregados não podiam ficar com o cú alapado ao sofá, pois se não procurassem outra coisa, tb não havia subsidiozinho para os meninos...

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  10. Concordo com a maioria das coisas que disseste...mas há uma coisa que me intriga, acho muito difícil aguém que seja do PCP dizer que vai votar num partido de direita, sendo de estrema esquerda...por isso não me acredito que fosse mesmo, mas esta é só a minha opinião. Nunca ninguém verdadeiramente de esquerda poderia pôr no poder alguém que defende as políticas que o PSD defende, e o Passos Coelho, desculpem que diga, não dá uma para a caixa, está mas é a engonhar para ver se isto fica menos negro para depois tentar colher os louros e subir ao poder, e chupar o que restou.
    O PSD enterrou-se a partir do momento que tirou uma pessoa séria, com ideias e sólida que era o Menezes do cargo de presidente. Acho que perderam credibilidade com estas mudanças todas.
    Se o Sócrates é mau...bem, o homem chegou na pior altura dos últimos anos para governar certo? Tem pontos positivos, como o investimento nos renováveis, nas escolas, na tecnologia, o problema é que tem muitos pontos negativos, como negócios dúbios, e uma ideia estapafúrdia que o povo tem de morrer aos poucos para se ter um número decente no défice!
    Mas o Passos Coelho seria melhor? Tenho fortes dúvidas. Para quem queria mudar a constituição de forma a criar ainda mais desigualdades sociais...


    Já se deve ter notado que pendo para o lado dos partidos de esquerda, aqueles que verdadeiramente nunca estiveram no poder, não percebo é porque insistem sempre nos mesmos, que têm criado esta bola de neve ao longo dos anos!

    Rita Martins

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  11. Concordo contigo. Hoje em dia a crise é desculpa para tudo e as pessoas esquecem-se que isto já esteve bem pior a esse nível. Claro que isso não é razão para nos conformarmos, mas também não concordo que se dispare em todas as direcções só porque sim.
    Pessoalmente, também não gosto quando dou de caras com a mentalidade do "só lá fora é que é bom" porque a verdade é que temos muitas coisas boas "cá dentro" só que não se lhes dá o devido valor. Lá está, o país bem que precisava de reconhecer o que por cá se faz de bom, o que infelizmente não acontece muito.

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